sábado, 3 de novembro de 2012

Relato de um contato-improvisado

Vou pra dentro de mim e procuro ver eu e o outro. Aí vou mexendo, mudando a organização, movendo-me a partir de dentro. Pesquisando o que sinto, constatando onde me prendo, me seguro. Quero é ter consciencia das coisas que me chicletam, olhar pra elas e tomar alguma atitude responsável, sem culpabilidade. No caminho encontrei alguem que me tocou. Seu toque me emocionou profundamente. Sem nem dar nome. Quando dei por agora já era pegar ou largar. Resolvi largar-me. Resolvi alargar meu ato. Ser um passo, um gesto, um jeito mais espaçado no ambiente e mais ambientado no espaço. Mais radicalizado na minhas questões. Pois o legal mesmo é a pergunta. O encontro suscitou em mim umas incertezas urgentes: Onde é meu corpo? Onde piso sentindo seguro, firme e equilibrado? Onde já sou outro? Aquele ponto supenso no ar, de sentimento que não se completa, que ainda não pode dar-se ao complemento de se expressar e de se colocar no mundo. Eu ando então no sentido de seguir. Não chega nem a ser uma dança, tanto é o espanto no desvelamento do movimento. O contato-improvisação aí ganha uma qualidade terapeutica. Sou no movimento ao mesmo tempo em que no meu pensamento as formas breves e os fins conclusivos são: devires do porvir. Eu danço com a constatação de que pra onde vou é diferente de pra onde iria, estando eu com o outro.